Memórias de uma prospecção (V)
Património reciclado I
Por este Portugal fora não faltam exemplos da engenhosidade nacional no que diz respeito ao aproveitamento do nosso património arqueológico. Desde grutas artificiais tranformadas em curral para porcos a castelos convertidos em pousadas de luxo, temos por cá de tudo.
E nestas deambulações por Trás-os-Montes ficou registado mais um exemplo. A aldeia tem o nome de Sobreda e pertence à freguesia de Morais, Macedo de Cavaleiros. Lá podemos observar este magnífico bebedouro para o gado que em tempos foi um sarcófago (depois de removida a tampa e o seu ocupante ter sido desalojado).
E o sarcófago encontra-se mesmo na base de dados do Instituto Português de Arqueologia, onde aparece assim descrito: "Na pequena aldeia da Sobreda, no extremo de um dos seu bairros, encontra-se um sarcófago em granito de forma antropomórfica cujo arco da cabeceira se desenha em volta perfeita. O sarcófago vai estreitando progressivamente até os pés, existindo nessa área um orifício no fundo do mesmo para escoamento de líquidos. O sarcófago não está associado a qualquer necrópole ou igreja, encontrado-se fora do local original da sua proveniência, que não se sabe exactamente qual é. Junto a um poço, encontra-se apoiado em blocos de xisto para criar altura, pelo facto de ser utilizado como bebedouro para animais."
Como tantos outros artefactos e monumentos em Portugal, a conservação e protecção do sarcófago encontra-se nas habituais águas de bacalhau. Os animais da Sobreda agradecem.
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