domingo, abril 02, 2006

Vidas...

Descobri recentemente uma daquelas cenas de futorologia (ou para o caso, passadologia) que proliferam pela net. Esta aqui em concreto promete dizer-nos o que fomos na nossa vida passada só através da nossa data de nascimento. E, como acontece em todas as tretas deste género com que me deparo, lá foi aqui o je experimentar consigo mesmo para ver o que dava. E então o resultado foi este:
Sua Vida Passada:
Em sua Vida Passada você foi mulher em sua última encarnação.Você nasceu em um território que hoje é Norte da Africa aproximadamente em 1175.sua profissão era livreiro, padre, chefe religioso de tribo.
Uma breve análise psicológica de sua vida passada:Procura a verdade e a transparência. Você planeja a sua vida futura, é um idealista e procura um caminho iluminado.
Lição, o que você deve procurar nesta vida: Sua lição - Desenvolver o sentimento de compreenção para com as pessoas, entender e auxiliar as pessoas é a sua meta.
Ora, como em todas as coisas deste tipo, primeiro rio-me feito parvo e depois ponho-me a pensar mais a sério no que me acabaram de dizer. E neste caso foi a mesma coisa. Pondo de parte os últimos dois parágrafos moralistas que não interessam para nada, quase tão profundos como as mensagens do horóscopo do Destak, e indo ao que é importante (quem fui de facto), devo confessar que estou um bocadinho alarmado.
Ponto 1 - fui uma mulher. Embora não me agrade à partida, devo confessar que o facto até me desperta certa curiosidade. Na verdade, até gostaria de ser mulher por 5 minutos (não mais), mas apenas por curiosidade científica (nada de especulações aí, han!). Iria finalmente poder experimentar a nobre arte de 'dar com os pés num homem' e resolver dois dos grandes enigmas da humanidade - 'que raio trazem as mulheres nas suas malas?' e 'porque raio vão sempre juntas à casa-de-banho?'. Depois de esclarecido sobre estas questões já podia voltar à minha masculinidade típica (pronto, OK, primeiro ainda fazia umas pequenas sessões de apalpação no meu corpo, mas depois era mesmo para voltar ao normal).
Ponto 2 - vivi no Norte de África, em 1175. OK, a data e o local podiam ser interessantes. Podia assistir ao cerco de Barba Ruíva a Alexandria ou combater os cães hereges da Europa que vinham por aí fora nas Cruzadas, junto de Saladino, por exemplo. Mas depois é que me lembro - "Ah, chiça! Eu era uma mulher!" - se me aproximasse do Barba Ruíva o mais provável era ser violado por centenas de marinheiros sedentos de carne e se aparecesse ao pé do Saladino ainda era raptado para um dos seus haréns... Não estou, portanto, a ver um futuro muito auspicioso para a minha vida passada feminina...
Ponto 3 - era livreiro, padre, ou chefe religioso de tribo. Mau, calma aí! Ora vamos lá recapitular: eu era uma mulher norte-africana do séc. XII que era livreira, padre (ou padra?) ou chefa religiosa de tribo? É assim, se eu me aproximasse do Barba Ruíva era violado na mesma, independentemente de ser livreira, padra ou chefa religiosa. Se fosse ter com o Saladino, podia ser que ele me arranjasse um tacho na célebre Biblioteca de Alexandria (já que o homem era sultão do Egipto). Mas espera, é verdade, a Biblioteca de Alexandria já tinha ido com os porcos nessa altura. Além disso, não estou a ver aquela malta a deixar o género fémea passar em frente à biblioteca, quanto mais a trabalhar lá. Acho que a profissão de livreiro não ia ter muita saída... Resta o caminho espiritual. Ora, corrijam-me se estiver errado, mas no Islão não existem tais coisas como um chefe religioso que seja mulher, pois não? Acho que também não ia ter muita saída aqui. Isto a não ser que o fosse de uma tribo não muçulmana, como uma tribo berbére que atravessasse o deserto do Sahara em adoração, sei lá, aos grãos de areia do deserto... Só se fosse desta maneira, mas ainda assim não sei se no meio do deserto, uma mulher como eu supostamente terei sido, estaria a salvo dos homens do Barba Ruíva.
Algo me diz que a minha vida passada não terá sido muito agradável... Se quiserem ver como foi a vossa podem dar um saltinho a este site.

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