Balanço do Mundial I
Por estranho que pareça, ainda há hipócritas neste país capazes de acusar tudo e todos por causa do 4º lugar no Mundial. Um 4º lugar, só a segunda melhor classificação de sempre da equipa portuguesa! A verdade é que antes de começar o Mundial ninguém esperava este resultado. Nem depois de ver a Selecção portuguesa jogar os primeiros jogos havia quem acreditasse que Portugal conseguisse ir tão longe (tirando os bimbos do costume que quando viam uma câmara de televisão diziam logo que já eramos campeões do Mundo e arredores).
Eu também não acreditava que eles fossem tão longe. Sinceramente, as exibições nos jogos da primeira fase não me davam muita confiança para o resto do campeonato. Foi depois da Holanda e da Inglaterra que, tal como a maior parte dos portugueses, comecei a acreditar que tudo era possível (pelo menos se tudo fosse jogado dentro do campo). Mas depois perderam com a França (mal, é verdade) e deixaram escapar o 3º lugar para a Alemanha (bem, é verdade).
E isso quer dizer que a participação portuguesa no Mundial de 2006 foi uma desilusão? Não, pelo contrário, o que eles conseguiram foi muito bom. É certo que tinham capacidade para ir mais longe mas a equipa tinha certas limitações (suspensões, lesões, certas posições mal compensadas...) e existem outros "factores" que não dependiam de nós.
É por isso que, pelo menos da minha parte, esta equipa no seu todo merece os parabéns pelo trabalho realizado na Alemanha. Vou passar agora para a crítica ao desempenho de cada um dos elementos responsáveis por esta campanha:
Luís Filipe Scolari (T) - Nunca achei piada à ideia de sermos treinados por um estrangeiro, continuo a achar que lá devia estar um português, mas a verdade é que o Scolari conseguiu convencer-me a dar-lhe primeiro o benefício da dúvida e agora o meu apoio, não incondicional mas sincero. Fique ou saia, Scolari teve o mérito de conseguir acabar com a influência das "máfias" do futebol português na Selecção nacional, soube impôr o seu modo de trabalho sem lamber as botas a ninguém, arriscou muito com a sua teimosia, saiu vencedor da maior parte das vezes que a sua teimosia era contestada e conseguiu criar um clima de apoio à Selecção como nunca se viu neste país (chegando mesmo a roçar o limite do absurdo em muitas ocasiões). Soube preparar bem os encontros com outras equipas mas em termos de reacção durante o jogo deixa ainda muito a desejar e cometeu mesmo alguns erros inadmissíveis para a sua experiência e fama de durão (a sua insistência na pouca eficácia de Pauleta e Postiga, querer proteger o Ronaldo em vez de lhe dar um puxão de orelhas, etc.).
Ricardo (1) - O Labreca voltou a surpreender tudo e todos. Não fosse os golos sofridos contra a Alamanha (de que até não teve grande responsabilidade) teria saído em beleza como um dos melhores guarda-redes e dos menos batidos nesta competição. Continua a não conseguir apanhar 90% das bolas que vão na sua direcção mas pelo menos consegue-as desviar quase todas. Protagonista de mais um momento memorável contra a Inglaterra, fez com que mais ninguém voltasse a falar no Vítor Baía (quem?) e é um dos merecidos heróis desta geração. Esperemos que continue a jogar assim pela Selecção e a dar frangos pelo Sporting. Mas só pelo Sporting, OK?
Paulo Ferreira (2) - Jogou muito pouco (só um jogo completo e entrou a meio de outros dois). Eu estava a contar que fosse ele o primeiro lateral direito mas a verdade é que o Miguel fez bem por merecer a titularidade até que se lesionou. É sem dúvida um grande jogador mas desta vez a concorrência esteve bem demais. Fica para a próxima.
Caneira (3) - Só fez um jogo e só para o Nuno Valente poder descansar. Não se mostrou muito e por isso não há muito a dizer. Para mim ele será sempre um central (o terceiro central desta Selecção na minha opinião) e não gosto de o ver a desenrascar a lateral esquerda. Se ele veio como lateral suplente então mais valia trazer um Jorge Ribeiro ou mesmo um Miguelito (só para fazer um jogo bem que eles podiam dar conta do recado).
Ricardo Costa (4) - Ainda está para descobrir como é que aqui foi parar. Tal como o Paulo Ferreira e o Caneira, só fez um jogo para tapar o lugar deixado pela suspensão do Ricardo Carvalho. Deu conta do recado (na medida do possível) mas eu preferia que fosse o Caneira a fazer esta posição. É bom jogador mas deixa a sensação que só lá está para valorizar e fazer o Pinto da Costa ganhar uns cobres.
1 comentário:
A verdade é que o "Filipão" goste-se ou não dele, conseguiu transformar um bando de meninos mimados num equipa capaz, com garra, e com atitude de vencedores.
Portugal conseguiu o 4ºlugar e devemos sentir-nos orgulhosos disso.
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