Poesia bocagiana VI
Soneto do pau decifrado
.
É pau, e rei dos paus, não marmeleiro,
Bem que duas gamboas lhe lobrigo;
Dá leite, sem ser árvore de figo,
Da glande o fruto tem, sem ser sobreiro:
.
Verga, e não quebra, como zambujeiro;
Oco, qual sabugueiro tem o umbigo;
Brando às vezes, qual vime, está consigo;
Outras vezes mais rijo que um pinheiro:
.
À roda da raiz produz carqueja:
Todo o resto do tronco é calvo e nu;
Nem cedro, nem pau-santo mais negreja!
.
Para carvalho ser falta-lhe um U; [U=V - "carualho"]
Adivinhem agora que pau seja,
E quem adivinhar meta-o no cu.
Sem comentários:
Enviar um comentário