Poesia bocagiana XXII
O
Soneto do corno choroso
.
Se o grão serralho do Sophi potente,
Ou do Sultão feroz, que rege a Trácia,
Mil Vênus de Geórgia, oh! da Circássia
Nuas prestasse ao meu desejo ardente:
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Se negros brutos, que parecem gente,
Ministros fossem de lasciva audácia,
Inda assim do ciúme a pertinácia
No peito me nutria ardor pungente:
.
Erraste em produzir-me, oh! Natureza,
Num país onde todos fodem tudo,
Onde leis não conhece a porra tesa!
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Cioso afeto, afeto carrancudo!
Zelar moças na Europa é árdua empresa,
Entre nós ser amante é ser cornudo.
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