sábado, março 18, 2006

Memórias de uma prospecção (III)

Como nem tudo na vida é trabalho, durante a semaninha e meia que andámos em Trás-os-Montes ainda deu para fazer um pouco de TV Turismo, do género "vá para fora cá dentro". Uma das localidades do Nordeste transmontano que tive o prazer de conhecer foi Podence, a terra dos Caretos (aqueles gajos que se passeiam com máscaras, chocalhos e cores jamaicanas).
Muito provavelmente o único Carnaval... perdão, Entrudo verdadeiramente português (sem brasileiras desnudas nem imitações de segunda cheias de celulite), a festa de Podence é caracterizada por estas personagens simpáticas (ou não) que saem à rua com liberdade para fazerem literalmente tudo o que bem lhes der na telha. É uma espécie de imunidade diplomática durante a Terça-feira de Carnaval. Ora, os Caretos são basicamente o sector masculino da aldeia que neste dia, já bem regados, estão à solta e atacam praticamente tudo o que mexa, sobretudo se for fémea (mesmo até senhoras de idade, como eu testemunhei), dando-lhes com os chocalhos que trazem à cintura (que, segundo me contaram, não é coisa muito agradável para se levar). Quem quiser saber mais sobre os Caretos de Podence pode ir ao site oficial (sim, eles têm dessas modernices). Quem quiser ser achocalhado é só aparecer por lá por altura do Carnaval.

Folclores e chocalhos à parte, esta passagem por Podence produziu a primeira foto de situações caricatas que vão ser publicadas aqui ao blog. Enquanto fugíamos dos Caretos pela aldeia a dentro (o sector feminino que nos acompanhava já agonizava depois de tanto chocalho), à medida que nos ía-mos metendo por caminhos desconhecidos, ruelas estreitas e becos sem saída, fomos dar a esta rua... Ou deverei dizer ruas?

Passo a explicar: estas placas encontram-se exactamente no meio de uma rua (qual o seu nome não sei) e encontram-se afixadas na parede de uma moradia. É uma rua a direito, sem nenhuma transversal que servisse de desculpa para explicar isto. O que aparentemente separa as duas ruas é a racha da parede resultante da inclusão de um anexo da dita moradia. Porque é que A RUA, que é só uma, não tem apenas um nome, sinceramente transcede-me, como tantas outras coisas que não consegui encontrar explicação por aquelas bandas.

Mas devo confessar que é algo emocionante estar ali no limiar da fronteira da Lamadona (excelente nome, não me posso esquecer dele quando tiver uma filha) com o Sto. António. É quase como estar na fronteira do México com os Estados Unidos ou no Paralelo 38 que divide as duas Coreias.

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