domingo, novembro 05, 2006

Poesia bocagiana VI

Soneto do pau decifrado
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É pau, e rei dos paus, não marmeleiro,
Bem que duas gamboas lhe lobrigo;
Dá leite, sem ser árvore de figo,
Da glande o fruto tem, sem ser sobreiro:
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Verga, e não quebra, como zambujeiro;
Oco, qual sabugueiro tem o umbigo;
Brando às vezes, qual vime, está consigo;
Outras vezes mais rijo que um pinheiro:
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À roda da raiz produz carqueja:
Todo o resto do tronco é calvo e nu;
Nem cedro, nem pau-santo mais negreja!
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Para carvalho ser falta-lhe um U; [U=V - "carualho"]
Adivinhem agora que pau seja,
E quem adivinhar meta-o no cu.

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