domingo, fevereiro 11, 2007

O pós-guerra (perdão, pós-referendo): conclusões e reflexões

1.- Tal como esperado, independentemente dos resultados, a abstenção transformou este referendo em mais uma enorme perda de tempo (e recursos). Perante isto só me ocorre dizer que "cada um tem o que merece", ou seja, Portugal e os portugueses tiveram o que mereciam, pois a política neste país é uma anedota e a responsabilidade cívica da maioria dos eleitores é simplesmente vergonhosa.
2.- Em 1998 não venceu o "Não", da mesma maneira que agora não venceu o "Sim". A forte abstenção tornou a votação de hoje não vinculativa. Após as 20h todas as televisões mostravam as várias sedes de campanha, do "Sim" e do "Não", em espalhafatosa euforia entre gritos de "Vitória, vitória" e garrafas de champagne. Abram bem os olhos: ninguém ganhou - todos perderam!
3.- Vale a pena insistir em referendos num país em que a maioria dos seus cidadãos eleitores estão-se literalmente borrifando para a participação cívica? Penso que, claramente, não, pelo menos da maneira como o referendo tem sido feito. Ou se acaba com esta palhaçada nacional que é o referendo ou se altera a sua estrutura, tornando-o vinculativo mesmo sem 50% de participação (e aí deverá ser chamado apenas de consulta popular) ou, de uma vez por todas se mete alguma ordem neste país e toma-se uma medida mais radical, como obrigar os eleitores a participar em todas as votações a que são chamados.
4.- Este referendo era totalmente escusado. Custou ao Estado cerca de 10 milhões de euros, causou discórdias, trocas de acusações e alguns momentos vergonhosos. E tudo isto para quê? Para literalmente nada! O país e a lei estão e continuarão na mesma até que haja coragem política para fazer o que tem de ser feito. A partir de agora é bom que os meninos políticos se passem a comportar como homenzinhos já crescidos e resolvam estas questões directamente na Assembleia da República ou, se isso der muito trabalho, podem-se inspirar no genérico da SIC aquando das projecções e lançar a moeda ao ar e está arrumado de vez o assunto.
Siga agora outro carnaval que, esse sim, é o original e mais interessante que este a que assistimos.

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