domingo, março 25, 2007

Grandes portugueses: "So what? Anyway, move along."

Diz que é hoje a final do concurso Os Grandes Portugueses, na RTP1.
Diz também que é o Toninho da Calçada quem vai ganhar aquilo.
E depois, que diferença faz? Isso vai mudar alguma coisa amanhã? Não. Não vai, nunca deveria e felizmente nunca há-de mudar.
Confesso que logo desde o início até estava a achar piada a este conceito. Depois, à medida que me fui apercebendo melhor das "regras do jogo", comecei a achar a coisa absurda. Hoje é apenas insignificante.
Achei piada de início porque pensei que seria uma coisa feita e levada à séria. E assim seria caso cada pessoa correspondê-se a um só voto (diz que há uma coisa chamada democracia que funciona dessa maneira) e se os principais problemas crónicos dos portugueses não viessem ao de cima nesta situação - falo da tradicional memória curta, das querílias politico-partidárias, dos faits divers mediáticos e do afamado caciquismo nacional (só assim se explica a inclusão de uma série de nulidades na lista dos 100 mais).
Se bem se lembram, na primeira fase do concurso votei (uma só vez e através da internet) na personalidade que, na minha opinião era mais digna do "ser português" e pelo que fez (bem e mal) por este país. Foi em Afonso de Albuquerque que então votei, tendo dedicado até um post onde fundamentava a minha escolha.
Pois, só que quando foi publicada a ordem dos 100 finalistas deu logo para notar que alguma coisa cheirava mal. Muitas pessoas (talvez mesmo alguns dos votados) votaram várias vezes, adulterando completamente a natureza de uma escolha popular. Para os 10 finalistas (cujo vencedor será revelado hoje, sem muitas surpresas) a produção lembrou-se de uma coisa interessante e lucrativa que é não permitir a votação pela internet, só se podendo votar então por telefone, pagando determinada taxa mais IVA.
É claro que isto foi para mim o cúmulo da macacada. Não só a regra de um voto por pessoa não é nem convém para a produção ser respeitada, como é mesmo incentivada, já que cada voto vale dinheiro. A forma de votação é, assim, completamente absurda e, como tal, o seu resultado será insignificante. Amanhã todos comentarão. Na Terça-feira já todos se esquecerão. É inegável que a votação foi influenciada por caciquismos que promoveram esta ou aquela personalidade (pelo menos duas), movendo votos (e pagando-os) em determinado sentido. Sendo assim, como já muita gente o disse, este programa é uma farsa. E reparem que eu nem me queixo da imposibilidade lógica de avaliar e comparar pessoas tão diferentes no tempo e nas mentalidades, mas sim pela forma como é feita essa avaliação.
Se não fosse obrigarem-me a pagar para participar, daria o meu voto ao D. João II, porque penso que, dentro dos 10 finalistas, foi aquele que mais fez pelo país (apesar de Camões ser o que melhor retrata o "ser português").
Mas enfim, é este o país que temos e será este o resultado que o país merece. Acho que a única coisa de interessante na noite de hoje será comparar a reacção da Odete Santos e do Paulinho das Feiras quando for anunciado o vencedor. Por mim, ficarei descansado da vida, sem qualquer tipo de remorço ou preocupação, enquanto que o Botas ganha a única eleição em que alguma vez participou, e isto diz muito do estado da nossa democracia.
Ganha o senhor da cadeira, so what? Anyway, move along.

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